quinta-feira, 31 de outubro de 2013

always.

I breathe you
I taste you
I can't live without you.


odeio sua soberba. odeio sua petulância. odeio sua arrogância. odeio sua falta de objetividade. odeio sua grosseria. odeio seu jeito de dirigir. odeio seu jeito de escrever. odeio sua lascívia. odeio sua babaquice quando você está com os seus amigos. odeio seu descaso.

odeio sua voz. odeio seu nariz. odeio sua boca. odeio seus sorrisos. odeio os pelinhos do seu braço. odeio seus abraços. odeio sua barba. odeio seu cheiro. odeio seu calor. odeio suas mordidas. odeio seus beijos. odeio o fato de você existir.

odeio você.

ou pelo menos é disso que eu tento me convencer todos os dias.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

hello darkness, my old friend.

você sabe reconhecer os sintomas desde que era criança.

o primeiro é não conseguir prestar atenção em mais nada. você, que sempre foi uma pessoa atenta, começa a não conseguir se concentrar nas coisas. deixa capítulos de livros pela metade. demora pra arrancar quando o sinal fica verde. perde o fio da meada nas conversas com seus amigos.

depois, seus padrões de sono começam a mudar. primeiro você sente muito sono. muito cansaço o tempo todo. tudo é demais para você, tudo exige demais, e você não sente vontade de fazer mais nada além de dormir. dorme o dia todo. não faz mais nada além de dormir, e isso começa a te preocupar. então você pára de dormir, e passa dias acordada, preocupada, pensando em o que fazer para poder resolver o que você sabe que está errado, sofrendo porque sabe que não pode fazer nada além de esperar. cada vez mais cansada. cada vez mais distante. cada vez mais fora de si mesma.

tudo na sua cabeça está bagunçado. você sente os pensamentos se misturarem, se sobreporem, e pouco a pouco eles param de fazer sentido. na verdade, o mundo começa a perder o sentido. tudo vira ondas e partículas e energia e nada disso faz sentido. nada mais importa. você só quer sumir. esses são os piores dias. você sabe, lá no fundo, que cedo ou tarde tudo vai voltar ao normal. pode não ficar tudo bem, mas vai ficar suportável, você vai sair dessa.

mas até lá, tudo é cinza e cansaço e fraqueza e nada tem o mínimo de sentido. você quer morrer, você quer sumir, mas você não morre, você não some. você é forte. não é a primeira vez que isso acontece. não vai ser a última. você sabe lidar com isso. de uma forma errada e torturante, mas sabe. no fundo, você sabe que vai ficar tudo bem.


segunda-feira, 7 de outubro de 2013

cartesianas.

quando eu era pequena, minha mãe resolveu que eu precisava fazer terapia. aparentemente, a psicóloga da escola disse pra ela que eu me isolava muito das outras crianças, não gostava de brincar, e minha digníssima progenitora achou que era válido colocar uma menininha de 5 anos em sessões semanais com a psicóloga. eu não lembro de muita coisa dos dois anos que eu passei indo conversar com a tia ana. era legal e tal, mas acho que não aprendi nada a não ser a fazer listas. muitas listas. eu tinha acabado de aprender a escrever [aprendi a ler e escrever com 4 anos, sou precoce, beijos] e lembro que a tia ana me incentivava a fazer listas. meus desenhos preferidos. o nome dos meus amiguinhos. as cores que eu mais gostava. eu nunca entendi direito o porquê, mas depois que aprendi a fazê-las, nunca mais parei.

aí às vezes, quando eu estou sem nada pra fazer, eu gosto de inventar categorias de listas. por exemplo, teve uma época na minha vida em que eu só fazia listas de personagens preferidos - personagens de livros, personagens de filmes, personagens históricos, personagens de músicas. aí depois entrei numas de gostar de rankear minhas músicas favoritas - por banda, por estilo, por ano de lançamento. durante um tempo, estive numa fase de listar os prós e contras de tudo na minha vida [prós de estudar: passar sem final, IRA alto. contras de estudar: atrasar minhas séries, menos tempo pra dormir]. recentemente, passei a listar pessoas. não pessoas tipo rock stars, ou reis e rainhas. só pessoas. meus colegas. meus amigos. minha família. minhas pessoas preferidas. as que eu menos gosto. aquelas que eu gostaria que estivessem mais presentes na minha vida. tipos de pessoas. pessoas e pessoas e pessoas. gente.

gosto de listas porque elas tornam tudo mais fácil de ser interpretado, de ser comparado. gosto porque elas são simples, limpas e diretas. gosto porque às vezes eu sou tão confusa, às vezes tudo se mistura tanto dentro de mim, que é um alívio enorme poder compartimentalizar, pegar o que é importante e deixar pra depois o que não importa. nada é mais libertador do que pegar as coisas e colocá-las sob uma análise racional. nada me acalma tanto quanto transformar tudo o que eu não entendo em algo que eu possa interpretar.

a vida parece muito sob controle quando eu coloco as coisas nas listas. é como se escrever em post-its coloridos transformasse meus problemas em funções, e as respostas deles ficassem tão claras quanto pontos num plano cartesiano.

pena que nem tudo na vida pode virar lista.

pena que quase nada na vida é cartesiano.




terça-feira, 1 de outubro de 2013

confissão.

a verdade verdadeira é que no fundo no fundo eu penso em você só em você o tempo todo todinho - mas prefiro pensar assim, desse jeitinho bossa nova, sem deixar virar rock and roll, que é pra eu pensar sempre, que é pra você não sumir, que é pra eu não sofrer, que é pra você ficar comigo, que é pra eu ficar com você, que é pra sermos felizes e apenas felizes como ninguém nunca foi.