terça-feira, 24 de junho de 2025

um dia frio, um bom lugar pra ler um livro...

 hoje está fazendo o meu tipo de dia preferido em curitiba: céu azul, sem nenhuma nuvem, e frio de rachar.

eu me mudei pra curitiba quando tinha 11 anos. vim de uma cidade do interior, quente, acolhedora, para uma realidade completamente diferente. como eu estranhei curitiba nos primeiros anos! o frio, a sisudez das pessoas, o sotaque... pra mim, uma menina vinda de uma cidade pequena, era completamente diferente daquilo a que eu estava acostumada.

mas pouco a pouco fui me adaptando. o frio a gente resolve com mais uma camada de blusas; a sisudez das pessoas, aprende-se a ser igual a elas; o sotaque adquire-se. no fundo eu sempre fui uma menina do interior. sempre gostei de conversar, de interagir com as pessoas. só que pouco a pouco essa janaina foi dando lugar a janaina curitibana - fechada, reclusa, inacessível. fui tomando pra mim essa persona e acabei me tornando ela.

hoje eu já não sei quem eu sou de verdade. não sei se sou a janaina do interior ou a janaina da capital. o que eu sei é que 25 anos de curitiba me fizeram preferir os dias iguais a hoje: céu azul, sem nenhuma nuvem, e frio de rachar - talvez um reflexo do meu coração?

terça-feira, 17 de junho de 2025

 estou numa maré muito boa ultimamente.

desde que parei de fazer coisas que me prejudicavam - e coloque-se nessa categoria beber e tomar remédio controlado como se não houvesse amanhã - as coisas estão mais equilibradas no meu dia a dia. estou rendendo bem no trabalho e dormindo bem. tudo bem que me falta ânimo pra fazer as atividades do lar - minha casa não vê uma vassoura há semanas -, ir pra academia e cozinhar, mas já me faltava ânimo antes quando eu vivia dopada de coisas que não me faziam bem.

estou me dando melhor com a minha família, com os meus amigos e com os meus colegas de trabalho. sinto falta de romance na minha vida, mas isso está em segundo plano agora - o foco é me colocar bem, me fazer feliz e colocar a cabeça no lugar. sinto que estou me esforçando pra tudo dar certo e eu finalmente poder ser eu mesma sem ter subterfúgios pra me esconder por trás de coisas que só mascaravam o que eu sou e sinto.

escrever me faz bem. me ajuda a colocar as coisas em perspectiva e analisar melhor aquilo pelo que estou passando. escrevo pra ninguém ler. escrevo pra mim mesma. escrevo como forma de terapia. esse blog é só meu, só eu. e estou feliz assim.

lembro de uma época em que ter um blog era praticamente obrigatório pras pessoas que estavam na internet. a maioria das coisas que as pessoas escreviam eram besteiras. por serem públicos, os blogs não eram espaço onde você pudesse assumir quem era e se abrir. eram só pra mostrar pros outros. esse blog nunca foi assim. tive pouquíssimos leitores, e quem me lia, o meu 'público alvo', não eram pessoas da vida real, então eu sempre pude escrever o que se passava na minha cabeça.

e continuo fazendo isso. numa versão piorada de mim mesma, porque sinto que emburreci nos últimos anos. talvez seja o excesso de medicação e de álcool cobrando seu preço ao transformar meu cérebro numa massa disforme e sem capacidade de ter pensamentos organizados, de criar algo bonito, bem feito.

mas essa sou quem eu sou. e me agarro à oportunidade de ser eu mesma, porque ser outra pessoa já não é o suficiente pra mim. quero liberdade.

quarta-feira, 11 de junho de 2025

por decisão minha.

 tem coisas que a gente tem que fazer por decisão nossa. não adianta o quanto se escute dos outros que certos comportamentos são nocivos pra gente, só se para de tomar essas atitudes se VOCÊ se conscientiza de que elas estão fazendo mal e resolve parar.


foi assim com o cigarro. foi assim com os remédios. foi assim com a bebida.


por mais que quem estivesse ao meu redor me enchesse o saco pra eu parar, EU não queria parar. eu me agarrava a uma esperançazinha de que lá no fundo eu não fosse viciada, que conseguisse parar quando quisesse. e eu só quis a partir do momento em que essas coisas estavam me fazendo muito mal. só percebi o quão mal estavam me fazendo quando cheguei no fundo do poço: bebia e tomava remédio pra dormir, acordava pra tomar remédio e beber, e assim meus dias iam se repetindo. e eu decidi que não era esse o futuro que eu queria pra mim. só assim eu parei.


é muito recente ainda a minha decisão de parar. ainda estou no comecinho, na corda bamba entre o vício e a sobriedade. tem dias em que é difícil. parece que meus dias são vazios sem a bebida e sem os remédios, sabe? mas vou me segurando aos pouquinhos. todo dia é um dia. só por hoje não. eu quero viver, não vegetar como estava fazendo. e de pouco em pouco a vida vai ficando mais colorida de se viver.