terça-feira, 10 de setembro de 2013

what a girl wants.

quando eu era pequenininha, eu lembro que tudo o que eu queria era me livrar do Pesadelo. eu olhava ao meu redor, via as crianças todas tão iguais - e todas tão diferentes de mim - e tinha uma vontade absurda de não ter mais medo, de ter amigos, de brincar no recreio , de ir nas festinhas de aniversário. não queria ser a criança pobre na escola de gente rica, não queria ser excluída, tudo o que eu queria era ser normal.

aí, quando chegou a adolescência, eu finalmente atingi um grau aceitável de normalidade na minha vida, e de repente não era mais aquilo que eu queria. aos 15, 16 anos, ser comum não é legal. eu tinha cabelo vermelho, usava camisa de banda, bebia pra caramba, fumava escondida, pegava barbudos e não estava nem aí. eu lia livros de gente grande, assistia filmes que ninguém conhecia, escutava umas bandinhas underground e me achava bem legal com aquilo. tudo o que eu queria era ser diferente.

o tempo passou, as coisas mudaram, e eu mudei. passei por tanta, tanta coisa, que às vezes eu acho que quem eu era jamais reconheceria quem eu sou. tive momentos de felicidade absoluta e houve vezes em que eu tive que segurar meus instintos auto-destrutivos para não fazer uma bobagem. eu cresci, e, há muito pouco tempo, descobri dentro dessa menina assustada que eu ainda sou essa jovem mulher que é tão ridiculamente melhor do que eu sempre pensei que fosse que me deixou abismada. gentil, preocupada, inteligente, sensível. e foi aí que eu percebi que passei tanto tempo da minha vida tentando ser algo que eu não sou, tentando me enganar, criar uma persona que não corresponde em nada à verdadeira jana, que me perdi no caminho.

me perdi e não percebi que tudo o que eu sempre quis foi ser eu mesma.

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