segunda-feira, 18 de agosto de 2025

depois de quase um ano sem usar aplicativos de relacionamento, há umas 3 semanas eu baixei de novo e me dei o direito de conhecer pessoas, conversar, sair, conhecer.
pra mulher aplicativo é muito fácil. você dá like e vem um monte de macho babão querendo sair com você. alguns querem mandar uma historinha de que estão procurando um relacionamento sério, alguns são mais diretos e deixam claro que querem só sexo. se eu quisesse, poderia sair todo dia da semana com um cara diferente. acontece que eu tenho preguiça e não faço isso.
mesmo assim, eu já saí com alguns caras. teve o cara que me ludibriou dizendo que era viúvo, pai e estava em busca de um relacionamento sério; transamos e ele não teve a decência de me mandar uma mensagem perguntando se eu tinha chegado bem em casa, perguntando se eu estava bem no outro dia. fiquei um pouco chateada achando que talvez pudesse ser algum problema comigo, mas depois lembrei do que aprendi na terapia e simplesmente aceitei que o que outro faz diz respeito pura e simplesmente ao outro, e não a mim, então eu não sou obrigada a lidar com essa culpa. teve outro cara que me chamou simplesmente pra 'tomar um vinho' na casa dele, eu fui, rolou o que tinha que rolar, fui pra casa e a vida seguiu, sem expectativas maiores, sem grandes decepções. teve um terceiro que parecia super legal, conversa boa, me dava atenção, mas daí no date descobri que ele está desempregado e ainda mora com os pais aos 36 anos - pra esse, sem chance de continuar rolando algo. e tem outros. tem o que fala que quer um relacionamento sério e uma família. tem o podólotra. tem o que eu estou enrolando há semanas. tudo muito fácil.
mas eu to escrevendo esse post por um motivo muito específico: essas saídas têm feito com que eu deixe a minha abstinência de lado e tenha bebido um pouquinho. nas saídas sempre rola uma caipirinha, um vinho. estou conseguindo me controlar bem - bebo um pouquinho e ja fico me sentindo meio bêbada, vou pra casa dormir. mas teve o dia do vinho em que eu fiquei bêbada como ficava antes quando estava bebendo todos os dias. apaguei completamente, não me lembro de nada. só de imaginar os perigos aos quais eu me expus saindo com um cara que eu mal conhecia e bebendo até ter amnésia me dá um mal estar. não posso deixar isso acontecer novamente. 
se por um lado eu tenho burlado a minha própria abstinência, por outro eu tenho estado orgulhosa de mim mesma. de modo geral tenho bebido pouco, chegado cedo em casa, não trazido bebida pra casa. ontem por exemplo foi um dia complicado, passei o dia todo pensando em chegar em casa, comprar uma garrafa de vinho e beber, mas consegui ter a força de não comprar bebida e ir dormir sóbria. a recompensa foi uma noite bem descansada e ter acordado bem para enfrentar a semana.
o vício é uma coisa que toma conta de toda a sua vida. eu não sou alcoólatra só quando tem bebida por perto. eu sou alcoólatra em todos os momentos da minha vida. beber é algo que permeia a minha mente todos os dias, o dia todo. to tentando ter uma relação menos danosa com a bebida, mas ainda não to 100% no caminho certo. o ideal seria a abstinência total; como não consigo, estou fazendo uma contenção de danos.
então é isso. vida social inclui ter que lidar com o meu vício. tá sendo difícil, mas pouco a pouco eu vou aprendendo a dar conta.

segunda-feira, 21 de julho de 2025

eu confesso que estou me sentindo meio esquisita nas últimas semanas.
estou experimentando uma fase em que estou super estável emocional, fisica, financeiramente. tudo está nos conformes. acabei de comprar uma casa (que vou pagar pelos próximos quinze anos, mas vou fingindo costume). estou de bem com o meu corpo e com a minha mente. estou sem beber e sem usar medicações que não foram prescritas pra mim. tudo está do jeito que devia estar.
é estranho me sentir assim porque, conforme já falei com a minha psicóloga por diversas vezes, eu me acostumei a não estar bem. me acostumei ao desconforto, ao mal estar, e estar com a vida nos eixos é algo tão estranho que acaba sendo incomum e me causando certa inquietação. fico o tempo todo esperando o erro, o descuido, aquilo que vai me tirar do meu equilíbrio e me fazer recair nos meus comportamentos novamente. acabo não aproveitando plenamente o fato de estar bem pelo medo que eu tenho do momento em que não vou estar bem novamente. já aconteceu tantas vezes, eu estar equilibrada, feliz, e do nada aparecer algo que desequilibre a minha vida de novo, me faça recair e voltar pro fundo do poço... eu tenho medo de que isso aconteça de novo. só que preciso me permitir saber que não tenho domínio de quando isso vai (se é que vai) acontecer e que está tudo bem com isso.
preciso trabalhar minha mente pra não sofrer por antecipação com aquilo que pode (ou não) acontecer e me tirar do meu prumo. as chances são 50/50%: pode acontecer algo que me desequilibre ou pode não acontecer. a vida não é linear, e cedo ou tarde vão surgir fatores de estresse que vão me testar pra ver se eu tenho a capacidade de me manter bem apesar de tudo. tenho que estar bem preparada pra isso.
enquanto não ocorre, tenho que me manter lúcida e serena pra aproveitar o bom momento que estou vivendo, sem ter medo do dia em que as coisas vão desandar e dar lugar ao pandemônio de novo. tenho que me acostumar a estar bem, pra que isso seja a regra, e não a exceção na minha vida. tenho que me dar o direito de estar equilibrada. tenho que me dar o direito de ser feliz.

terça-feira, 24 de junho de 2025

um dia frio, um bom lugar pra ler um livro...

 hoje está fazendo o meu tipo de dia preferido em curitiba: céu azul, sem nenhuma nuvem, e frio de rachar.

eu me mudei pra curitiba quando tinha 11 anos. vim de uma cidade do interior, quente, acolhedora, para uma realidade completamente diferente. como eu estranhei curitiba nos primeiros anos! o frio, a sisudez das pessoas, o sotaque... pra mim, uma menina vinda de uma cidade pequena, era completamente diferente daquilo a que eu estava acostumada.

mas pouco a pouco fui me adaptando. o frio a gente resolve com mais uma camada de blusas; a sisudez das pessoas, aprende-se a ser igual a elas; o sotaque adquire-se. no fundo eu sempre fui uma menina do interior. sempre gostei de conversar, de interagir com as pessoas. só que pouco a pouco essa janaina foi dando lugar a janaina curitibana - fechada, reclusa, inacessível. fui tomando pra mim essa persona e acabei me tornando ela.

hoje eu já não sei quem eu sou de verdade. não sei se sou a janaina do interior ou a janaina da capital. o que eu sei é que 25 anos de curitiba me fizeram preferir os dias iguais a hoje: céu azul, sem nenhuma nuvem, e frio de rachar - talvez um reflexo do meu coração?

terça-feira, 17 de junho de 2025

 estou numa maré muito boa ultimamente.

desde que parei de fazer coisas que me prejudicavam - e coloque-se nessa categoria beber e tomar remédio controlado como se não houvesse amanhã - as coisas estão mais equilibradas no meu dia a dia. estou rendendo bem no trabalho e dormindo bem. tudo bem que me falta ânimo pra fazer as atividades do lar - minha casa não vê uma vassoura há semanas -, ir pra academia e cozinhar, mas já me faltava ânimo antes quando eu vivia dopada de coisas que não me faziam bem.

estou me dando melhor com a minha família, com os meus amigos e com os meus colegas de trabalho. sinto falta de romance na minha vida, mas isso está em segundo plano agora - o foco é me colocar bem, me fazer feliz e colocar a cabeça no lugar. sinto que estou me esforçando pra tudo dar certo e eu finalmente poder ser eu mesma sem ter subterfúgios pra me esconder por trás de coisas que só mascaravam o que eu sou e sinto.

escrever me faz bem. me ajuda a colocar as coisas em perspectiva e analisar melhor aquilo pelo que estou passando. escrevo pra ninguém ler. escrevo pra mim mesma. escrevo como forma de terapia. esse blog é só meu, só eu. e estou feliz assim.

lembro de uma época em que ter um blog era praticamente obrigatório pras pessoas que estavam na internet. a maioria das coisas que as pessoas escreviam eram besteiras. por serem públicos, os blogs não eram espaço onde você pudesse assumir quem era e se abrir. eram só pra mostrar pros outros. esse blog nunca foi assim. tive pouquíssimos leitores, e quem me lia, o meu 'público alvo', não eram pessoas da vida real, então eu sempre pude escrever o que se passava na minha cabeça.

e continuo fazendo isso. numa versão piorada de mim mesma, porque sinto que emburreci nos últimos anos. talvez seja o excesso de medicação e de álcool cobrando seu preço ao transformar meu cérebro numa massa disforme e sem capacidade de ter pensamentos organizados, de criar algo bonito, bem feito.

mas essa sou quem eu sou. e me agarro à oportunidade de ser eu mesma, porque ser outra pessoa já não é o suficiente pra mim. quero liberdade.

quarta-feira, 11 de junho de 2025

por decisão minha.

 tem coisas que a gente tem que fazer por decisão nossa. não adianta o quanto se escute dos outros que certos comportamentos são nocivos pra gente, só se para de tomar essas atitudes se VOCÊ se conscientiza de que elas estão fazendo mal e resolve parar.


foi assim com o cigarro. foi assim com os remédios. foi assim com a bebida.


por mais que quem estivesse ao meu redor me enchesse o saco pra eu parar, EU não queria parar. eu me agarrava a uma esperançazinha de que lá no fundo eu não fosse viciada, que conseguisse parar quando quisesse. e eu só quis a partir do momento em que essas coisas estavam me fazendo muito mal. só percebi o quão mal estavam me fazendo quando cheguei no fundo do poço: bebia e tomava remédio pra dormir, acordava pra tomar remédio e beber, e assim meus dias iam se repetindo. e eu decidi que não era esse o futuro que eu queria pra mim. só assim eu parei.


é muito recente ainda a minha decisão de parar. ainda estou no comecinho, na corda bamba entre o vício e a sobriedade. tem dias em que é difícil. parece que meus dias são vazios sem a bebida e sem os remédios, sabe? mas vou me segurando aos pouquinhos. todo dia é um dia. só por hoje não. eu quero viver, não vegetar como estava fazendo. e de pouco em pouco a vida vai ficando mais colorida de se viver.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

i thought it was a bird, but it was just a paper bag.

 é engraçado como a vida é  às vezes.

você planeja passar no vestibular aos 17, se formar aos 23, fazer especialização e residência, noivar aos 27, casar aos 28, ter filhos aos 30. eu estou com 36 e todos, absolutamente todos os projetos de vida que fiz deram errado.

eu não entrei na faculdade aos 17, precisei de 3 anos de cursinho. com isso, me formei aos 26, e não aos 23. comecei a residência e inúmeras pós e especializações e nunca terminei nenhuma. não conheci o amor da minha vida, não casamos e não tive filhos.

parece que as coisas são tão mais fáceis pra algumas pessoas, né? todo esse teatro que vivemos parece mais suave, mais tranquilo pra algumas pessoas. talvez seja o borderline falando, mas eu sinto que tudo é tão mais difícil pra mim. não quero parecer ingrata ou pessimista, mas é assim que eu me sinto.

como se estivesse correndo atrás de coisas que são impossíveis pra mim.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

mais um dia.

 mais um dia tentando manter a constância das publicações.

a intenção desse blog é puramente egoísta. é um modo de registrar meus pensamentos, minhas emoções e tentar me manter focada no que importa, que sou eu, minha família, meus (poucos) amigos e meu bem estar.

ontem pelo segundo dia seguido eu fiz comida em casa. eu não fazia comida em casa fazia uns 4 meses, e dois dias seguidos cozinhando era algo de que eu mal me lembrava de ter feito no último ano. quarta eu tinha feito arroz, feijão e legumes, acabei com tudo em um dia. ontem foi uma coisinha mais simples, um macarrão com salsicha que por mais trivial que seja, é uma comida que me traz saudade da infância, de casa. também fui no mercado e comprei comida de verdade, carne, frutas, legumes, arroz, feijão, pra ver se me engajo em cozinhar um pouco mais em casa e parar de gastar tanto com comida pronta e ultraprocessados. ah, e comprei um ferro de passar novo, que o meu tinha queimado.

ainda tenho um problema que é a sensação de vazio crônico que toma conta de mim depois de uma determinada hora. até umas 19 horas eu vou bem, focada, sem vontade de transgredir, mas depois desse horário me dá uma sensação de vazio, de não ter nada, que eu acabava tentando compensar com álcool. acho que o problema é a fixação oral hehehe

to tentando burlar esse aspecto da minha personalidade indo dormir cedo. ontem por exemplo às 19 horas eu já tava deitada, pronta pra ir dormir. levantei à noite e comi um monte, um queijo branco maravilhoso que eu tinha comprado, pipoca, doritos de pimenta mexicana. mas entendo que é melhor pro meu organismo eu comer bem do que encher o cy de cachaça, ir dormir bêbada e acordar de ressaca todo dia. ressaca de comida é melhor do que ressaca de gim.

a parte boa de comer a noite é que eu não acordo com fome. sei que é disfuncional levantar de noite pra comer, mas é o menos disfuncional que eu consigo do jeito que estou indo.

outra parte boa é acordar bem. eu entro no trabalho às 8, então geralmente colocava o relógio pra 06:35 e ia enrolando até 07:20, só escovava os dentes, colocava uma roupa e vinha trabalhar. agora ('agora', nesses dois dias, como se fosse muita coisa kkk) eu to levantando antes do celular tocar pela primeira vez, escovado os dentes, feito minha skincare, me trocado, feito um cafezinho preto antes de sair e chegando 07:30 no trabalho, com tempo pra me atrasar pras consultas em paz kkk

espero conseguir manter essa constância. tanto na alimentação, quanto no cuidado pessoal, quanto no trabalho, e principalmente quanto à abstinência. minha psicóloga está de férias, volta semana que vem, e eu tenho muuuuuita coisa pra conversas com ela. pela primeira vez em muito tempo tô ansiosa pelos dias que estão por vir, uma ansiedade boa, fruto do desejo de melhorar, e não do desejo de tomar a próxima dose.

que permaneça assim :)

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

it's the end of the world as we know it.

 meu final de ano foi ruim.

ruim por coisas que eu mesma fiz e eu mesma busquei, não por causa dos outros. recaí em comportamentos que jurei pra mim mesma que não iam acontecer mais e quase fui internada de novo. a sorte é que eu prometi pra mim mesma que dia 31/12 seria o último dia em que eu faria besteira, iria recomeçar do zero dia 01/01. e assim estou tentando fazer.

eu sei que hoje é só dia 02, mas eu já limpei a minha casa, passei roupa (tentei né, porque o ferro queimou), fiz comida (não saía um feijão caseiro naquela casa há quase 1 ano), voltei a tomar meus remédios. são baby steps, mas acho que tem que começar assim, aos poucos, pra poder ir me fortalecendo e alcançando pouco a pouco o meu objetivo, que é ficar bem sem ter que recorrer a nada pra isso.

sinto falta de ter amigos. eu me afastei demais das pessoas ao meu redor enquanto me fechava na minha esfera de auto comiseração. preciso retomar minhas amizades, fazer novos amigos, resgatar quem eu era antes de ser quem eu sou.

sinto falta de ter um amor. mas esse não é meu foco agora, preciso focar em mim pra poder ser completa e, sendo assim, ser só complementada por outra pessoa, sem depender dela pra ser eu mesma.

terapia recomeça na segunda feira. tenho tanta coisa pra contar pra minha psicologa, e ao mesmo tempo não sinto vontade de falar sobre nada com ela.

e a vida vai seguindo assim, dia a dia, passo a passo.